Da consciência à transformação com o Autoconhecimento: o poder único que existe em ti
Só se conhecendo é que se atinge todo o potencial e consegue-se cuidar melhor dos outros
"O autoconhecimento conduz o Ser humano à melhor forma de viver. Todos aqueles que já experimentaram o Autoconhecimento sabem que ele não tem preço e que não há poder no mundo que se iguale ao poder por ele conferido. Quanto mais tempo nos conceder à autodescoberta, mais vamos enxergar que a única proposta que o Universo tem para nós é que sejamos felizes!" (Alexandra Figueiredo)
De facto, o Ser humano foi desde sempre um explorador e um curioso nato focado no mundo externo. Fez, de facto, grandes progressos, descortinou as alturas infindáveis dos céus para encontrar vida em outros planetas, desceu às profundezas da terra, buscou o fundo dos oceanos, explorou os extremos polares, conseguiu compreender imensas coisas sobre a essência dos seres microscópicos e das leis da natureza, descobriu a existência de energias, inventou milhões de objetos de grande utilidade e proficiência, encurtou distâncias...
Todavia, este mesmo ser humano, sendo conhecedor de tantas ciências, ainda pouco se aventurou nas escavações profundas de descoberta do seu Ser, do Eu interior que habita nele. Nunca aprofundou, verdadeiramente, o conhecimento da sua própria essência, nem tão pouco sabe bem do que o seu “Eu” se reveste para estar na sua relação com os outros (Ego). No fundo, o ego é apenas uma mera 'máscara' que permeia a sua visão de mundo e que lhe dá uma sensação de segurança de si perante o mundo externo. Ainda não foi capaz de responder ao grande enigma do 'Conhece-te a ti mesmo', anexado no Oráculo de Delfos, que para o grande filósofo grego, Sócrates, o pai da Filosofia e da estrutura preliminar do Coaching, é onde está a base de toda a sabedoria e ação correta.
E, assim, o Ser humano continua a sentir-se insatisfeito, doente, instável, frustrado, revoltado… porque continua agregado às inférteis margens do comodismo, ao olhar viciado do desejo contínuo de conhecer o que está 'fora de si', imbuído neste frenesim do dia a dia, condicionado às intempéries externas da vida prática, e a um modo de viver em piloto automático. Pouco curioso consigo mesmo e sem tempo de descobrir as suas verdadeiras potencialidades, que o conduzem ao usufruto da Felicidade. Felicidade esta, entendida como realização humana, que implicará a audácia do ser humano em empreender no processo do Autoconhecimento.
Dá trabalho, é claro! E por vezes, para alguns nós, é um processo doloroso e demorado, pois nem sempre é fácil encarar as nossas sombras, romper paradigmas, desconstruir autoconceitos, transformar crenças, mudar hábitos e rever condutas. Mas, compensa sim! Vale a pena 'entrarmos de cabeça' nesse processo transformador que nos torna mais conscientes de nós mesmos e libertos de algumas amarras que impedem a evolução do nosso Ser. Enfim, só por meio deste processo de autoconhecimento, é que nós aguçamos esse dom de sermos felizes, desenvolvendo assim a sabedoria de viver a vida de forma processual e contínua.
Compreender o que é o autoconhecimento
Ao nos predispormos à tomada de consciência de “Quem somos”, iniciamos a partida da nossa “viagem” rumo a uma nova dimensão de autodescoberta. Nesta “viagem”, há, aliás, algumas perguntas poderosas que nos conduzem a um melhor entendimento.
Entre elas:
— “Conheço realmente a pessoa única que sou?”;
— “Quem sou eu na essência?”;
— “O que me faz feliz?”;
— “Qual é o meu propósito de vida?”;
— “Quais são os meus dons e talentos? / Quais são as minhas potencialidades e recursos?”;
— “Quais são os meus pontos de melhoria?”;
— “Como sou visto pelas pessoas que me rodeiam?”;
— “Qual o legado que quero deixar para o Mundo?”;
— “O que eu quero da vida?”;
— “Quais são as minhas principais conquistas?”;
— “Quais são os meus sonhos?”;
— “O que é essencial para mim?”;
— “Quais são os meus valores pessoais?”;
— “Eu conheço e vivencio esses meus valores?”;
— "O que eu acredito sobre mim?”;
— “O que eu acredito sobre a vida?”.
— “Quais são os meus padrões de comportamentos nocivos e limitantes (crenças) que impedem a transformação da minha própria vida, o sucesso dos teus relacionamentos interpessoais e a realização pessoal e profissional?
— “Sou capaz de compreender quais são as emoções que te influenciam diretamente o teu modo de pensar, sentir e agir, enfim de ser?”.
Ao explorarmos estas ou outras perguntas poderosas, chegaremos, com certeza, a um conhecimento profundo sobre nós mesmas e que nos conduz à transformação do nosso Ser na nossa melhor versão.
O Autoconhecimento é um ATO DE CORAGEM, que requer essa capacidade de reconhecer e compreender os próprios pensamentos, emoções e comportamentos. Não permitir que vivamos no "piloto-automático" e deixarmos ao acaso o controlo da nossa vida, dos nossos relacionamentos e dos nossos resultados. Então, ao decidirmos “embarcar nesta viagem” do autoconhecimento, que nos leva a bom porto da “evolução” e do autodesenvolvimento, temos primeiramente que ousar arriscar, “desatracarmos do cais”, ou seja, da nossa zona de conforto, e iniciar o caminho, velejando ao encontro de nós mesmas.
Parece ótimo, certo? Então, vamos assumir o controlo da nossa própria vida? Vamos descobrir na nossa vida o poder deste conhecimento que há em nós?
Conceptualização do autoconhecimento no ser humano tetrafacetado (físico, cognitivo, emocional e espiritual) em prol da transformação
Tanto na Filosofia como na Psicologia, o conceito de “pessoa” é estabelecido a partir de dois polos: ser pessoa em primeira instância é dispor de si, e em segunda, é dispor para o outro. Se não somos “donos” de nós mesmas, jamais conseguiremos dispor para o outro. Então, o amor ao outro só é possível quando vivemos uma história de amor connosco mesmos. O amor-próprio passa, inevitavelmente, por um trabalho contínuo e processual de autodescoberta de nós mesmas, de autoperceção, de autoaceitação, de autocompaixão e de autoescuta das quatro vertentes que nos são inerentes: física, cognitiva, emocional e espiritual. Este é o “caminho que nos espera” para nosso pleno bem-estar e qualidade de vida.
# Autoconhecimento Físico
O autoconhecimento físico trata-se da capacidade de nos conhecer, de nos autorregular, de perceber qual o caminho que o nosso corpo está a mostrar, para assim enfrentar as adversidades e desequilíbrios da vida com naturalidade e saúde. É de grande sapiência conseguirmos trazer movimentos ao nosso corpo que estejam em equilíbrio, respeitando os limites do próprio corpo. Aliás, o corpo humano foi concebido para despender o mínimo de energia possível para o máximo de rendimento. O nosso corpo é, metaforicamente, “um polígrafo inverso” que deteta as verdades que este sente. Este fala, sorri, exala, descomprime, desperta, executa, processa, quando está em equilíbrio. Todavia, quando algo sai fora desse equilíbrio, o corpo dá-nos o alerta, em forma de dor, de mal-estar, de compressão e de sintomas. Portanto, a dor “nada mais é que um espasmo de defesa, apelo de reorganização, chamamento à consciência do corpo” (BERTAZZO, 1998, p. 34). Enfim, o corpo expressa muito de nós e através de nós. Por isso, ter uma autoconsciência corporal proporciona-nos uma escolha saudável de estilo de vida.
# Autoconhecimento Cognitivo
Já o autoconhecimento cognitivo/mental é a consciência das nossas capacidades cognitivas, por meio da perceção, da atenção, da associação, da memória, do raciocínio, do juízo, da imaginação, do pensamento e da linguagem. Esta autoconsciência é extremamente importante, porque proporciona o conhecimento a nosso favor, sobre “como” e “quando” utilizar as capacidades cognitivas disponíveis em nós, sabendo assim sobre a sua utilidade, eficácia e oportunidade.
# Autoconhecimento Espiritual
Quanto ao Autoconhecimento Espiritual, este está ligado à capacidade de tomar consciência do nosso Eu espiritual, do nosso Eu verdadeiro, da nossa essência divina, e da nossa ligação com o coletivo — ao Todo, trazendo à luz os nossos valores e um sentido de vida na prática do quotidiano. O autor Wolman (2001, p. 111) refere-a como a capacidade humana de formular as perguntas fundamentais sobre o significado da vida e, simultaneamente, experimentar a conexão perfeita entre cada um de nós e o mundo em que vivemos. Esta capacidade combina as nossas habilidades, talentos, dons e a interconexão transcendente do espírito humano individual com o Universo, à Fonte de Amor e de pura LUZ.
# Autoconhecimento Emocional
Já o conhecimento sobre o nosso aspeto emocional pode ser entendido como: “a capacidade de uma pessoa reconhecer e lidar com as emoções — em si própria e nas relações com as outras” (MAXIMIANO, 2007, p. 171). Como tal, o autoconhecimento emocional refere-se à autoconsciência de si mesma e dos seus pensamentos, e à capacidade de reconhecer as próprias emoções, atitudes/comportamentos e sentimentos. Além disso, quando desenvolvido a pessoa torna-se apta de saber “como e quando” as emoções ocorrem e ter a destreza em lidar com elas, assumindo um lugar de autoridade e gestão das próprias emoções face a cada situação que surja. Portanto, a pessoa como ser essencialmente social, precisa de deter habilidades para adaptar-se ao meio ambiente, onde as emoções possuem um papel relevante no comportamento social inteligente e de conexão com os outros.
Só a partir do autoconhecimento emocional, essa capacidade de reconhecer o sentimento no momento da sua ocorrência; de identificar e compreender as próprias forças/competências, fraquezas/pontos de melhoria, necessidades, medos, limitações, impulsos, e os próprios valores, é que desenvolvemos a dita inteligência Emocional e é onde a nossa autoestima se robustece. Esta inteligência ancora três competências emocionais essenciais: a perceção emocional; a autoavaliação; e a autoconfiança.
O autoconhecimento emocional é, de facto, essencial para o entendimento da nossa personalidade. As nossas reações emocionais, especialmente aquelas mal geridas durante a nossa infância, desempenharam um papel significativo na formação da nossa personalidade. Sendo a personalidade entendida como o conjunto de características específicas e únicas de um indivíduo que ditam os seus pensamentos, ações e sentimentos. Portanto, entender as nossas emoções e como elas influenciam o nosso comportamento é um passo crucial para o desenvolvimento pessoal.
Benefícios do autoconhecimento: da consciência à transformação com o autoconhecimento
Ao conhecermos e ao estarmos conscientes dos nossos gatilhos emocionais que desencadeiam as emoções negativas em nós, conseguimos uma melhor gestão e regulação dessas mesmas emoções e o controlo do stress daí advindo. Por isso, desenvolvemos a nossa inteligência emocional, sendo considerada uma das bênçãos mais significativas do autoconhecimento. Porque nos tornamos autoras da nossa própria história de vida, assumindo a responsabilidade das nossas decisões em vez de sermos vítimas dos problemas. Podemos também colocar-nos com maior facilidade no lugar do outro (exercendo a empatia) e entender o seu ponto de vista, conduzindo-nos assim ao fortalecimento das nossas relações interpessoais.
Portanto, no comando da nossa vida através de um conhecimento profundo de nós mesmas, abrimos portas a um manancial de outros benefícios subsequentes, entre os quais:
— Reduzimos os níveis de ansiedade e aumentamos a sensação de paz interior.
— Conseguimos encontrar a felicidade em fatores internos e não externos;
— Tomamos decisões mais assertivas, mais alinhadas com os nossos valores primordiais e com as nossas prioridades, evitando escolhas que levem, mais tarde, ao arrependimento;
— Aproveitamos as grandes oportunidades sem medo;
— Desenvolvemos uma maior autoaceitação;
— Reduzimos, com mais facilidade, sentimentos negativos (por exemplo, a frustração e a ansiedade);
— Geramos a estabilidade emocional em nós;
— Aperfeiçoamos a nossa comunicação, tornando-a mais eficiente e com a habilidade de promover o nosso desenvolvimento e o daqueles que nos rodeiam;
— Reconhecemos o nosso próprio valor;
— Ampliamos a produtividade e a agilidade;
— Adquirimos uma consciência maior dos nossos próprios atos;
— Ampliamos a força interior perante as situações críticas e as vicissitudes da vida;
— Proporcionamos a nós mesmas uma escuta ativa, seguindo mais a nossa intuição do que a opinião dos outros;
— Aprendemos a linguagem que comunica diretamente com a mente inconsciente, conectando aos nossos mais profundos recursos cognitivos e emocionais;
— Desenvolvemos a habilidade de escutar o nosso corpo, reequilibrando e promovendo a saúde física;
— Abandonamos, definitivamente, o “piloto automático”, assumindo o nosso lugar como “condutor” das próprias emoções;
— Geramos conexão com a nossa essência e com o nosso propósito de vida;
— Obtemos os predicados de tranquilidade, discernimento, tolerância, paz de espírito e liberdade interior;
— Buscamos continuamente a nossa melhor performance, planeando e estabelecendo objetivos;
— Aprendemos a arte mestra de aproveitar e potencializar os nossos pontos fortes;
— Alavancamos, com autorresponsabilização, as mudanças que queremos ver em nós, transmutando os padrões de comportamento e hábitos negativos em padrões e hábitos positivos;
__ Tomamos consciência dos nossos medos, distinguindo o possível do impossível, reconhecendo as nossas limitações;
— Compreendemos a necessidade primordial de sermos focados e presentes no “aqui e agora”;
— Descobrimos o nosso propósito de vida maior, sendo um ser feliz e realizado;
— Desenvolvemos a nossa criatividade, autoconfiança e a nossa sabedoria interior, num maior e profundo diálogo com esse saber interno;
— E, obtemos, certamente, uma melhor qualidade de vida e bem-estar.
A importância do autoconhecimento para quem cuida e os seus desafios de desenvolvimento
Só se conhecendo é possível cuidar melhor dos outros. Porém, tudo na vida requer algum trabalho e empenho da nossa parte, e o mesmo ocorre quando queremos desenvolver em nós o autoconhecimento. Este traz consigo o seu quinhão de desafios, mas, após ultrapassados, abrem portas a um novo olhar sobre o mundo, libertador e empoderado, para alcançar uma vida com qualidade. Entre os desafios estão:
— A superação dos próprios preconceitos e dos pontos cegos
Os preconceitos e os nossos pontos cegos prejudicam, por um lado, a nossa capacidade de discernimento e, por outro, impedem-nos de os reconhecer. Para tal, é essencial estarmos atentos e trabalharmos ativamente na sua superação. Algumas das estratégias que permitem descobrir gradualmente os nossos pontos cegos e entender melhor os nossos padrões de comportamento passam por praticar a atenção plena, o registo num diário, a busca de feedback e o estudo mais profundo do nosso perfil de personalidade à luz do Eneagrama.
— A gestão das emoções desconfortáveis
É natural sentirmos desconforto ao olharmos para algumas emoções desencadeadas em nós e constatarmos as nossas próprias falhas ou deficiências. A virada de chave é reconhecer essas emoções desconfortáveis, aceitá-las e usá-las como uma ferramenta de crescimento, em vez de evitá-las, negá-las ou reprimi-las, pois podem ressurgir ainda com mais força.
Por exemplo, uma filha cuidadora que guarda ressentimento do seu pai porque considera que ele fez sofrer a sua mãe ao longo dos anos, tomando assim partido da mãe e culpabilizando o seu pai. Neste caso, a filha não reconhece que ambos são adultos e foram responsáveis pelas suas escolhas e caminhos trilhados. Isso leva-a a não gerir bem o seu sentimento de ressentimento, refletindo-se agora numa demanda mais difícil quando presta cuidados ao seu pai idoso.
— O enfrentamento dos medos
Medo não é sinónimo de fraqueza, o medo evita que nos atiremos de qualquer abismo. Este, na medida certa, é indispensável para nos proteger, mas quando é excessivo pode paralisar-nos, tornando-se doentio. Reconhecer o medo e enfrentá-lo é o caminho mais rápido para a sua superação, pois se nos colocamos em encruzilhadas, na medida em que o projetamos no outro, será mais difícil encontrar o caminho de saída.
Um exemplo disso é uma filha cuidadora que lida mal com as dores físicas, as suas e as dos outros, e quando escuta algum gemido no seu pai idoso administra-lhe de imediato analgésicos, mesmo antes de perceber a origem, a veracidade e a intensidade da dor, projetando o seu próprio medo no seu pai.
Um outro caso, a título de exemplo, é o medo da morte projetado na sua mãe ou da perda de alguém que lhe é querido. Por isso, movida por esse sentimento, a filha cuidadora superprotege a sua mãe idosa e passa a fazer tarefas que a pessoa idosa ainda consegue realizar, retirando, em parte, a autonomia da mesma.
— O reconhecimento do que é possível e do que é impossível
Ter a sabedoria para distinguir o que é possível do que é impossível ajuda-nos a ter uma visão realista e sensata, uma atitude assertiva e preserva-nos de futuras frustrações. Quando uma filha cuidadora se depara com um diagnóstico clínico demencial de um dos seus pais idosos, sabendo à partida que estas doenças ainda não têm cura (ex.: Alzheimer ou outras tipologias de doenças senis), não se desgasta ao tentar encontrar uma solução clínica para uma doença que é incurável. De forma sensata, colaborará com os médicos assistentes do seu ente querido, para que os cuidados clínicos de acompanhamento sejam providenciados e os seus cuidados informais sejam diligentes dentro daquilo que é possível fazer e está ao seu alcance.
— O reconhecimento das próprias limitações e o pedido de ajuda
Apesar da enorme capacidade de superação do ser humano, todos nós temos limites e dificuldades. Reconhecê-los não é sinal de fraqueza, mas sim de sabedoria. Trata-se de um gesto de grandeza, quando não temos medo de expor os próprios limites e dificuldades. Isso leva-nos a saber pedir ajuda quando necessário, em vez de ficarmos a lamentar-nos, lidando assim melhor com situações complexas.
Por exemplo, uma filha cuidadora que presta cuidados a tempo integral aos seus pais idosos, e que tem dificuldade em reconhecer que está cansada, apenas se lamenta aos seus outros irmãos que vive exclusivamente para os cuidados dos pais e que só ela sabe cuidar bem deles. Tendo extrema dificuldade de reconhecer que está exausta e, por conseguinte, não pede ajuda a um outro irmão que possa, por exemplo, acompanhar os seus pais séniores num fim de semana ou numa próxima consulta médica, para que ela possa descansar um pouco.
— O hábito da autorreflexão
É fácil ficarmos absorvidos nas tarefas do dia a dia e esquecermos de reservar um tempo, alguns minutos do dia, para a autorreflexão. O desafio é incorporá-la na nossa rotina diária, o que requer esforço e paciência consistentes da nossa parte.
Não podemos esquecer que desenvolver o autoconhecimento é uma jornada de descoberta contínua que exige tempo e esforço da nossa parte, como filhas cuidadoras. Mas os benefícios conferidos nesta jornada superam todo o tempo e esforço despendido. Só assim podemos continuar a crescer e a melhorar as nossas vidas. E sejamos sinceras, quem não quer melhorar a sua vida? Vamos!
Mapeamento dos 7 Passos cruciais na Rota do Autoconhecimento
Para começar a trilhar este percurso pelos caminhos "de dentro", nesta viagem rumo ao autoconhecimento, há passos essenciais a percorrer:
1. O encontro da resposta ao porquê de nos conhecermos
Da mesma forma que necessitamos de "alimentar-nos" com critérios de qualidade e quantidade para nos mantermos vivos e saudáveis, precisamos também de critérios de profundidade para nos preencher de sentido. Precisamos ser ricos nos caminhos internos, ou seja, sermos amorosas, reconhecidas e respeitosas connosco mesmas, para além de fornecermos outros "alimentos" vitais ao nosso Ser essencial. Porque tudo começa em nós! Sempre que nos reconhecemos, validamos e amamos, presenteamo-nos com o cuidado da mente, do corpo, das emoções e do espírito de forma saudável.
Fazemos isto por nós, primeiro, para depois nos voltarmos e darmos ao outro o que temos de mais precioso. A qualidade da nossa vida na presença do outro passa muito pelo quanto conseguimos ser os nossos próprios companheiros. Dispomos da ajuda de técnicas e ferramentas especiais de coaching transformacional que nos permitem percorrer esta bela e desafiadora trajetória até ao autoconhecimento. Uma das mais eficientes e rápidas na descoberta de nós mesmos é o Eneagrama, como já referido. Outra ferramenta simples e de fácil acesso para descobrirmos as nossas características e comportamentos, que nem sempre percebemos, é buscar feedback junto dos outros, sobretudo daqueles que nos geraram - os nossos pais, que nos veem de um jeito único e sem filtros.
2. A tomada de Autoconsciência do que afinal SOMOS
A autoconsciência é a habilidade de responder a uma pergunta essencial: afinal, "quem sou eu?" Para ter consciência de nós mesmas, precisamos de um olhar franco e firme e, consequentemente, transformar essa informação em consciência. A consciência vai além da nomeação da informação, ela é a aceitação coerente e sincera sobre a nossa própria humanidade. É um passo gigantesco para a transformação!
Contudo, para conquistar essa consciência, é preciso rever a nossa história, as nossas crenças e aprendizagens da infância. Para depois, com disciplina e esforço, transformar os padrões comportamentais que nos impedem de ser melhores. E obter assim, um patamar profundo de autoconhecimento. Este processo de conquista de autoconsciência e de transformação na nossa melhor versão torna-se mais fácil de ser alcançado com o auxílio externo de profissionais especializados na área de Coaching transformacional, aliado a Constelações familiares sistémicas. Será uma grande ajuda para realizar este trabalho de transformação de forma mais eficiente e célere. Feitos todos os questionamentos, com o auxílio de perguntas poderosas que indagam as profundezas do nosso ser, colocando o passado no seu lugar, ajustando as expectativas sobre nós mesmas e prontas para viver o "aqui e agora", curando as nossas feridas internas, poderemos afirmar que a autoconsciência foi aplicada por e em nós e que assumimos a liderança da nossa própria vida.
3. O compromisso com a transformação passa por uma escolha nossa
Todas as revoluções internas propõem mudanças de status quo e efetivam uma alteração de paradigmas, de crenças que já não nos servem, de padrões comportamentais que nos limitam e do abandono efetivo da nossa vivência em piloto automático. Este movimento é sinal de um amor-próprio altruísta que nos conduz à evolução enquanto seres espirituais a viver uma curta experiência física na Terra. Quando alcançamos esse nível de comprometimento com a transformação, ganhamos a consciência de nós mesmos, além de uma maior autoestima, motivação, bem-estar e satisfação pessoal. Iniciar uma revolução tão profunda, como a revolução pessoal, trará ganhos pessoais incontáveis, mas não só. Os outros que estiverem à nossa volta também serão beneficiários desta revolução. Porque, ao revolucionarmos o nosso modo de ver, levamos essa transformação não apenas ao nosso modo de viver, mas também à forma como nos relacionamos. Uma revolução derradeira se faz a partir das nossas raízes familiares, onde a compaixão, a aceitação e o perdão encontram um caminho único para a cura. Porém, para colocar essa mudança de paradigmas em prática, é necessário que nos perdoemos por todas as escolhas que fizemos e aceitemos, com um olhar amoroso, as escolhas dos nossos antepassados, ou seja, aceitar verdadeiramente “tudo como foi”. É preciso acolher, com olhar amoroso, aqueles que culpamos pelos nossos tropeços e entendermos realmente que atribuímos e transferimos erroneamente aos outros a responsabilidade pelas nossas próprias decisões.
4. A comunicação consciente e responsável
Os bons resultados na comunicação vêm, por um lado, da autoconsciência de que somos os únicos responsáveis pelas nossas atitudes, contrariando a tendência que há em nós de olhar para fora e culpabilizar o outro pelos nossos próprios sentimentos. A comunicação consciente e responsável traz-nos essa liberdade de escolha, porque ao assumirmos a nossa responsabilidade pelo que estamos sentindo, ficamos livres para viver o que é importante. Por outro lado, esses mesmos bons resultados na comunicação vêm da autoconsciência de que enxergamos o mundo através dos nossos próprios pontos de vista e que estes não são verdades universais, são apenas a nossa visão de mundo. Traz à luz o respeito pelas diferenças entre as pessoas e a diminuição do egocentrismo, aumentando significativamente a nossa capacidade de bem comunicar junto daqueles que nos rodeiam.
5. A opção entre "Querer ter razão" ou "Ser feliz"
Enquanto quisermos controlar a ação dos outros para que tudo se resolva do nosso jeito, o autoritarismo prevalecerá. Mas, se pensarmos que somos todos iguais e desejamos as mesmas coisas para as nossas vidas, deduzimos à partida que queremos as mesmas coisas como seres humanos: sermos aceites, amados e respeitados. Quando a nossa vontade é "ter razão", a imposição será a maneira mais rápida e fácil de garantir isso, mas menos benéfica para todos os envolvidos. No entanto, se optarmos por ser felizes o caminho poderá ser processual e mais lento, mas se abrirão diante de nós imensas possibilidades rumo à transformação da nossa melhor versão e, que invariavelmente irá impactar positivamente a vida do outro, gerando a mudança sistémica que queremos ver no mundo.
6. A descoberta da nossa verdade
Nada adianta se nos observarmos diariamente sem desenvolvermos um olhar devidamente preparado para enxergar os mínimos detalhes. Quando alcançamos essa visão, é como encontrar a ponta de um novelo de lã emaranhado e começar a desembaraçar os nós emocionais criados ao longo da vida. Iniciamos assim, uma limpeza profunda para depois promover a nossa liderança interna. Somente a partir do caminho do autoconhecimento começamos a encontrar respostas sobre a nossa verdade, aprendendo a nos posicionarmos coerentemente no mundo com mais segurança, e, principalmente, a desenvolver amor-próprio para sermos quem somos no nosso melhor. Identificamos também as nossas habilidades e dificuldades, conquistando a possibilidade de modificar e gerir emoções e comportamentos, o que nos torna pessoas amplamente capacitadas.
Para começar a trilhar este caminho, sem medo e sem desculpas, a primeira pergunta é: "Qual é a minha verdade?". Desde que nascemos até ao dia que morreremos, vivemos no meio a verdades e mentiras, conceitos que, ao longo da nossa existência, definiram e ainda definem tudo o que consideramos como certo e errado. Somos educados desde cedo a "avaliar" o caráter das pessoas, inclusive o nosso. Formamos as nossas crenças inquestionáveis e permitimos que estas perdurem toda a vida. E isso acontece espontaneamente, sem que possamos nos dar conta. Porém, muitos desses conceitos que tomamos como verdade são, de facto, derivados dos nossos ancestrais, são valores transmitidos de geração a geração e que, um dia, chegaram até nós sem que tivessem um único motivo para questioná-los.
Portanto, está aqui uma das principais revelações promovidas pelo autoconhecimento: "Temos a certeza de que as nossas crenças são mesmo as nossas?"; "Já nos permitimos verificar qual a raiz das nossas verdades?"; "De onde elas vieram?"; "A quem estamos a seguir?".
Ao respondermos a essas questões, teremos a oportunidade de aprender quem somos realmente e, consequentemente saber "como e porque" amar a nós mesmos de maneira mais profunda, congruente e genuína.
7. Ser positivo, para assim alcançar a felicidade (a realização pessoal)
Ser positivo é receber o que a vida nos entrega, é seguir o fluxo da vida e fazer as melhores escolhas, é estar pronto para recomeçar, é levar em consideração o tempo de espera para que os nossos desejos se concretizem, tendo em mente que as ações que levam à realização são por nossa conta, mas o tempo necessário fica por conta do Universo. Ser positivo é respeitar o nosso corpo e oferecer-lhe o que é útil, saudável e gostoso. É saber que o nosso jeito de ser talvez agrade a uns e desagrade a outros. Porém, isso não nos desestabiliza ou desequilibra. É saber que, enquanto as realizações não vêm, é preciso cuidar de nós e ser melhor em cada dia. E assim, quando os sonhos se concretizarem, estaremos prontos para aproveitar e merecer aquilo que é nosso por direito.
Ser positivo é desprendermos do passado e libertarmos as pessoas dos nossos desejos e dos nossos controlos. É estarmos e sentirmos livres, recetivos, disponíveis e prontos para receber o que é nosso por direito divino! Basta não esperar de braços cruzados, basta lembrar que a felicidade é conquistada pelo nosso posicionamento existencial no protagonismo da nossa própria história, adultos responsáveis das nossas escolhas em vez de sermos vítimas do acaso. Em suma, um ser humano feliz é todo aquele que se sente realizado, que vive confortável consigo mesmo, independentemente dos acontecimentos, desfruta de uma satisfação íntima que administra e alinha o sentido da vida e os seus valores primordiais ao que vive.
Em jeito de conclusão…
Quando se busca o autoconhecimento, alcança-se a liberdade de seres tu mesma de verdade!
O autoconhecimento é, de facto, um processo transformador e libertador, considerado o maior investimento que podemos fazer, nesta vida, por nós próprios! Porque, ao nos conhecermos, desenvolvemos uma conexão consciente com o nosso "Eu" e com o mundo externo, ou seja, fazemos este movimento impactante da consciência à transformação com o Autoconhecimento. Através do autoconhecimento, é-nos permitido conhecer e trabalhar os nossos conflitos e resistências, ou seja, as nossas sombras. Além disso, permite-nos conhecer e desenvolver os nossos recursos internos e obter inúmeras aprendizagens, possibilidades e potencialidades. Consequentemente leva-nos à expansão da nossa autoestima, tornando-nos mais fortes para enfrentar as adversidades da vida. Gera em nós também um sentimento de autossatisfação, sendo a condição indispensável para a felicidade e autorrealização profunda.
O autoconhecimento é uma jornada sem fim que requer tempo e esforço da nossa parte, mas que compensa fazê-la, pois transformará, garantidamente, a nossa vida para melhor. Não adianta vivermos voltados para fora, pois o que nos realiza, o que nos faz felizes, não é o que vivemos para ser visto pelos outros, mas o que vivemos para nós. Depois, naturalmente, isso reflete-se nos outros. Mas a experiência da nossa intimidade connosco próprias é que nos mantém vivos. É tudo aquilo que cultivamos no interior: as nossas certezas, as nossas convicções, as nossas dúvidas, as nossas alegrias e as tristezas. É essa voz que nos convoca diariamente!
Precisamos, então, de fortalecer a nossa experiência de encontro connosco mesmas. Com essa voz interior, que nos diz tudo o que precisamos de ouvir e que nos guia; aquela que nos permite agir coerentemente com a nossa verdade e conhecer realmente quem somos; aquela que compreende os nossos sentimentos genuínos, sem máscaras ou idealizações de como gostaríamos de ser vistos pelos outros.
“A sabedoria se esconde em sua abertura. Ela se esconde atrás da distorção do condicionamento, mas está lá... A sabedoria surge da consciência do que és, em oposição ao que não és. Ame a ti mesma!" (Ra Uru Hu)
Este processo de aprofundamento da compreensão sobre nós próprias é tão revelador e libertador, que nos permite entender melhor o que nos faz bem e o que não, para assim conseguirmos avançar em direção à nossa realização pessoal, com base nas nossas singularidades e potencialidades.
Então, ao decidirmos "embarcar nesta viagem" do autoconhecimento e consequente crescimento pessoal, temos de ousar arriscar e sair da nossa zona de conforto, que nos é bem conhecida e familiar. Por mais que seja reconfortante sentir-se segura, só realmente podemos crescer, desenvolver, enfim… evoluir, se sairmos da zona de conforto. Requer coragem, paciência e persistência para romper o círculo vicioso do comodismo e do conformismo, para enfrentarmos de frente os estados emocionais negativos, as nossas crenças limitantes e as repetições de padrões comportamentais nocivos, para que o processo de mudança aconteça em nós. E para aproveitar as oportunidades que surgem no caminho, empoderando-nos com crenças potenciadoras e permitindo-nos aprender coisas novas, a fim de alcançar novos patamares de Ser na nossa vida.
"A única pessoa que está destinado a ser é a pessoa que decida ser." (Ralph Waldo Emerson)
Por outras palavras, só com o autoconhecimento nos encontramos e acolhemos a unicidade e a complexidade que nos caracteriza, o que possibilita a consciencialização promotora de reflexão e revisão dos nossos valores e crenças e, consequentemente, de um posicionamento proativo e responsável perante nós próprias e a vida. Vale indubitavelmente a pena! Do que estamos à espera? Vamos juntas!
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E começa já esta viagem de autodescoberta ;-)
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Referências Bibliográficas:
ARRUDA, Vitorino Cesar Mura. A Inteligência Espiritual: espiritualidade nas organizações. São Paulo: Ibrasa, 2005.
BERTAZZO, Ivaldo. Cidadão corpo: identidade e autonomia do movimento. São Paulo: Summus, 1998.
MAXIMIANO, Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: da Revolução Urbana à Revolução Digital. São Paulo: Atlas,2007.
MELO, Pe. Fábio. Por onde for o teu passo, que lá esteja o teu coração, Editora Planeta do Brasil,2019
NOGUEIRA, Daniel Sá . Trate a vida por tu. Lisboa: Lua de Papel, 2010 .
PELEGRINO, Roberto. A importância do autoconhecimento para quem cuida Alzheimer. Curso cuidadora (canal Guardiães da Vida- Dicas do Geriatra), 14. Fevereiro. .2020. Disponível em: <https://youtu.be/gUrJJHoIqw?si=oduIBWH9CwrRJwBm>. Acesso em: Acesso em 2janeiro 2024.
STONE, Joshua David. Psicologia da alma. São Paulo: Pensamento, 2006.
WOLMAN, Richard. Thinking with your soul: Spiritual intelligence and why it matters. New York: Harmon, 2001
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